A Delegacia da Receita Federal em Feira de Santana promoveu, nesta sexta-feira (11), uma cerimônia especial de destinação de mercadorias apreendidas. A ação integra um movimento nacional da Receita, que tem como objetivo dar novo uso a produtos retidos em operações fiscais ilegais, evitando a destruição e fortalecendo projetos sociais por todo o país.
Ao todo, foram distribuídas mercadorias avaliadas em mais de R$ 600 mil, incluindo eletrônicos, bolsas, mochilas, acessórios, relógios e equipamentos de som. O material pode ser incorporado diretamente nas atividades das instituições beneficiadas ou utilizado para arrecadação por meio de bazares solidários.

A ação faz parte da Semana da Responsabilidade Social, que acontece em todo o país, na segunda semana de abril, para incentivar a qualidade de vida por meio de ações e posturas colaborativas que contribuam para o desenvolvimento sustentável do mundo e a redução das desigualdades sociais entre as pessoas.
“Essa é a primeira ação nacional de destinação de mercadorias apreendidas nesse formato. Essas mercadorias são apreendidas nas atividades da Receita Federal, na identificação de produtos que entram irregularmente no país, por exemplo, sem a regularização dos tributos, gerando uma concorrência desleal com os comerciantes ou que precisam ser retiradas do comércio”, explicou o delegado da Receita Federal de Feira de Santana, Gustavo Breitenbach.
Ao Acorda Cidade, o delegado explicou que regularmente a instituição faz a destinação de mercadorias por meio da Campanha Receita Cidadã. No evento de hoje, eles devem apresentar o projeto para a sociedade feirense, que deve ser a beneficiada pelas apreensões.
No caso de produtos apreendidos que não podem ser reutilizados, como entorpecentes, cigarros e eletrônicos, normalmente são destruídos, uma ação que traz despesas para a Receita.
“O objetivo do Programa Receita Cidadã é buscar parcerias para que esses produtos tenham uma nova utilidade, assim a gente evita a destruição, a produção de resíduos sólidos e também gera ciência, desenvolvimento, educação, principalmente de jovens que são atendidos pelas universidades e institutos federais.”

Para onde vão os produtos?
Em Feira, as entidades contempladas foram o Dispensário Santana, o Lar do Irmão Velho e o Clube de Mães de Uauá, além de instituições de ensino como a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e o Instituto Federal Baiano (IF Baiano).
Fátima Ribeiro, presidente do Clube de Mães de Uauá, celebrou a participação inédita da entidade na ação e o reconhecimento do trabalho realizado por elas.
“O Clube de Mães de Uauá está muito feliz com esse reconhecimento da Receita Federal. Com esses produtos, a gente pode fazer bazares e arrecadar recursos para manter os projetos. Lá atendemos a mais de 200 famílias em situação de vulnerabilidade.”
A presidente também explicou que Uauá tem o significado de vagalume. Localizada aproximadamente 300 km de Feira de Santana, a cidade possui cerca de 24 mil habitantes. É através do Projeto Usina de Vagalumes, que crianças, jovens e adultos podem se iniciar musicalmente com aulas de sanfona, violão, percussão, entre outras atividades.
“Essas doações da Receita Federal vão nos ajudar muito na manutenção dos nossos projetos. Espero que seja a primeira vez de muitas outras”, disse Fátima ao Acorda Cidade.
Irmã Rosa Aparecida, diretora do Dispensário Santana, também participou do evento. Em entrevista ao Acorda Cidade, a religiosa reforçou como esse tipo de doação é importante para a manutenção da instituição.
“Essa ajuda que recebemos da Receita nos dá uma certa sustentabilidade para continuidade dos trabalhos. Nada vai para o lixo, tudo se aproveita e eu considero isso uma grande bênção de Deus que chega para nós.”
Os produtos recebidos pelo Dispensário já têm destino certo. Vão ajudar a fomentar a tradicional quermesse do São João deste ano, que tem como objetivo angariar fundos para a instituição.
“Já planejamos uma grande quermesse, que é um bazar. Então teremos almoço, feijoada, sarapatel, maniçoba e ao mesmo tempo o bazar desses produtos. Embora não saiba ainda o quê, mas a esperança que não nos decepciona faz com que a gente acredite nas coisas e já comece a fazer o planejamento”, afirmou Irmã Rosa.
Os beneficiados do Dispensário também estiveram prestigiando a ação. A banda do Dispensário se apresentou cantando o hino nacional.

Quem sabe bem os efeitos positivos da Receita Cidadã é a professora da educação técnica do Instituto Federal da Paraíba, Liamara Lopes. Ao Acorda Cidade, ela contou como os alunos foram beneficiados dentro da sala de aula, no campus do município de Pedras de Fogo.
“Nós recebemos essa doação ano passado e, a partir dessas doações, nós conseguimos colocar em sala de aula e reunir um grande número de alunos para que eles entendessem, tivessem a conscientização de como a Receita trabalha e qual a importância da gente entender do mercado de moda. Também fizemos uma ação de doação para os alunos e para a comunidade de Pedras de Fogo.”
Atualmente, o curso tem 120 alunos no curso de Modelagem e 40 no de Design de Moda. Alunos egressos também foram alcançados pela iniciativa, pois ganham incentivo quando ainda não conseguiram adentrar o mercado.
“Para que eles tenham sempre essa atividade, sempre estejam praticando um processo criativo na área de moda. E essa doação acaba sendo uma forma de a gente ter material e ensinar o aluno a descaracterizar, ensinar o aluno a customizar de forma bem responsável. São vestuários que a gente já recebe e aí a gente precisa descaracterizar para que eles sejam doados.”
Com informações Acorda Cidade