Alegando falta de recursos, a empresa concessionária do transporte público de Alagoinhas, ATP, em oficio enviado ao sindicato dos rodoviários, informou a mudança na data de pagamento dos salários dos funcionários do dia 06 para o dia 13 e a suspensão do plano de saúde.
No oficio, a empresa aponta os sucessivos aumentos do preço do óleo diesel nos últimos 04 meses, assim como o aumento dos preços dos pneus, óleos lubrificantes e demais insumos utilizados para manutenção dos ônibus, em detrimento do aumento expressivo do número de gratuidades transportadas por mês, da diminuição gradativa do número de passageiros pagantes e o valor deficitário da tarifa do sistema como responsáveis pela crise de receita que inviabiliza cumprir o seu compromisso com os empregados.
O Sindmetro, sindicato da categoria, acusa a gestão municipal de não ter comprometimento com a situação do transporte público e promete levar os rodoviários para acampar na porta do prefeito em busca de uma solução.
Em nota enviada ao site News Infoco, o sindicato informa ainda que paralisará as atividades durante o Bahia Beer, o festival da cerveja, marcado para ocorrer no mês que vem. A entidade deve também convocar uma assembleia nos próximos dias para novas deliberações.
Pauta diária dos noticiários locais, e alvo de reclamações por parte da população, o transporte público sofre uma severa crise por falta de receita. Este ano, entre os meses de janeiro e junho, a prefeitura repassou R$ 2,4 milhões, a titulo de subsidio para o transporte público. Apesar de não suprir o déficit anual de cerca de R$ 12 milhões, o valor, segundo o presidente do sindicato dos rodoviários, ajudou a empresa a honrar os pagamentos de salários dos funcionários, que foi reajustado, após 2 anos. De acordo com o dirigente sindical outros benefícios foram concedidos aos mais de 220 colaboradores da empresa, que não possui nenhum débito trabalhista e previdenciário.
Mas se por um lado, os recursos foram suficientes para evitar paralisações e insatisfações dos rodoviários, o valor foi insuficiente para cobrir um rombo que impede a renovação de frota e o aumento do número de ônibus nas linhas. O resultado é a prestação do serviço fora do padrão que a população merece e cobra.
Pelo contrato de licitação firmado entre a prefeitura e a empresa, o sistema deveria ofertar 500 mil usuários/mês, esse número seria suficiente para arrecadar o valor necessário para custear o sistema. Porém, desde o inicio da vigência do contrato, esses números caíram drasticamente, chegando para menos da metade. Pelo contrato, a prefeitura deveria arcar com essa defasagem, pagando por meio de subsidio os valores, ou então repassando para o usuário pagante o ônus do déficit por meio de reajuste tarifário. A prefeitura não fez nenhuma coisa, nem outra.
Hoje, a tarifa técnica supera R$ 6,50, mas a praticada é de R$4,20. Uma defasagem de R$2,30 por passageiro. O resultado é falta de recursos da empresa para promover investimentos no serviço.
Desde 2020 até aqui o desequilíbrio contratual do transporte público ultrapassa R$ 30 milhões de reais, cerca de R$ 12 milhões por ano. Dinheiro que deveria ter entrado no sistema para promover a melhoria do modal.
Fonte: News Infoco