Os empreendimentos da agricultura familiar têm uma relação natural com os princípios da agroecologia. Essa abordagem não apenas abraça a produção de alimentos livres de agrotóxicos, mas também se fundamenta em relações justas e solidárias de trabalho, vistas, por exemplo, no dia a dia da Associação Comunitária dos Pequenos Agricultores de Caldeirão (ACOPAC), situada na zona rural do município de Araci, no Território do Sisal.
Desde a sua fundação, em 1990, a ACOPAC produz alimentos e derivados livres de agrotóxicos e insumos artificiais. Hoje o beneficiamento do milho é o principal produto da cooperativa, que recebeu, do Governo do Estado, investimentos de cerca de R$ 1,4 milhão para reforma e aquisição de maquinário para requalificação da agroindústria, oriundos do projeto Bahia Produtiva. Flocão, Creme, Xerém e Farelo de Milho, utilizados para ração animal, são exemplos do que é atualmente beneficiado por lá.
“A gente tinha inicialmente três máquinas e produzíamos 500 kg por dia. Hoje estamos montando uma estrutura para ter uma capacidade de até 8 toneladas por dia, com um sistema que conta com 13 máquinas, todas automáticas, onde o produto será beneficiado com excelente qualidade. A gente tem a expectativa de gerar em torno de 10 empregos na comunidade diretamente e mais de 30 indiretos. Ao todo, mais de 100 famílias são beneficiadas no município e nas comunidades vizinhas com nossos produtos”, conta o presidente da ACOPAC, Rivailton Santos.
Estratégias como essa também são importantes para que o campo produza, gere emprego, renda e consiga manter o jovem em seu lugar de origem, garantindo a sucessão rural. “O investimento é fundamental porque proporciona para a comunidade e as comunidades do entorno a permanência do homem e da mulher no campo, principalmente os jovens: eu, como jovem gestor dessa unidade, e a nossa diretoria, também composta por pessoas jovens”, explica Rivailton.
Sementes Crioulas
A cooperativa utiliza como matéria-prima sementes crioulas tipo 1, passadas de geração em geração e armazenadas com critérios técnicos que garantam a manutenção das características crioulas, assegurando assim produtos derivados de milho orgânico de alta qualidade, mantendo suas propriedades nutricionais e sabores autênticos.
Para o secretário de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso, “as agroindústrias familiares desempenham um papel fundamental na economia baiana, contribuindo para a geração de empregos e a produção de alimentos de qualidade no campo. Investir na construção e requalificação dessas unidades permite impulsionar o crescimento de empreendimentos agrícolas com práticas sustentáveis, e o resultado disso é a produção de alimento limpo e de qualidade na mesa dos baianos”, ressalta.
O Bahia Produtiva é executado pela CAR, empresa pública ligada à SDR, e tem cofinanciamento do Banco Mundial.
Fonte Atarde